Galápagos por terra – Equador

17/09/15

Pegamos um táxi até o aeroporto e iniciamos cedo os procedimentos para Galápagos: primeiro fazem uma inspeção biológica nas malas, para ver se não estamos levando plantas, sementes, etc e lacram a mala. Tem-se que preenche um formulário (como os de imigração) e pagar uma taxa de US$20/pessoa. Tudo muito tranquilo. Não conseguimos vôo direto, então tem uma parada em Guayaquil, mas nem precisamos descer do avião. Tem 4 companhias que voam a Galápagos: LAN, Avianca, TAME e AeroGal. E Galápagos tem dois aeroportos: Santa Cruz e San Cristóbal. Chegamos a Santa Cruz, na verdade em Baltra, uma ilha onde só tem o aeroporto, com tempo fechado, então não deu para curtir a vista, e pegamos um táxi, dividindo com outro senhor e que saiu a US$6/pessoa. A maior cidade é Puerto Ayora, o centro comercial de Galápagos, com 30 mil habitantes. Tem uma rua principal com muitas lojinhas e bares, o malecón e um mercado de peixes, frequentado por lobos marinhos e pelicanos. Ficamos no Estrella del Mar, um hotel pequeno e com vista para a baía com suas águas verde esmeralda e muitos barcos. Fomos conhecer a Estación Darwin, onde estão pássaros, muitas iguanas terrestres e tartarugas, em cativeiro. Tem algumas exibições, laboratório para pesquisa, trilhas e praia. Algumas instalações estão fechadas para remodelamento, mas deu pra termos uma primeira visão destes animais que tanto fascinaram Charles Darwin, ajudando-o a desenvolver a teoria d evolução das espécies. Isto porquê as espécies que habitam Galápagos sofreram pouca influência do continente, ie, o arquipélago é como um mundo à parte, e as espécies de plantas e animais que aqui vivem foram se adaptando às condições locais e desenvolveram características próprias, só encontradas aqui. Em 1835, Darwin, então um jovem pesquisador inglês, a bordo de um barco, Beagle, passou pelas ilhas. Ele só ficou cinco semanas, mas as observações que ele fez mudaram para sempre a compreensão da vida no planeta. Charles Darwin visitou apenas quatro das 13 ilhas do arquipélago, que fica quase em cima da Linha do Equador, a 900 quilômetros da costa, e viu muito. Notou que o mesmo passarinho tinha pequenas diferenças na cor e no formato dos bicos dependendo da ilha onde estava. Que no arquipélago, as iguanas, como em nenhum outro lugar, se tornaram seres marinhos. Que as tartarugas gigantes, que só sobreviveram aqui, tinham um formato de casco diferente em cada ilha. Que tantas espécies eram tão parecidas e, ao mesmo tempo, com características especiais em cada ilha. Isso significa que elas foram criadas assim, já prontas? Ou eram todas descendentes de um ancestral comum, que, ao se adaptarem às condições de cada ilha – de clima e de alimentos, foram evoluindo e se transformando em espécies diferentes? Se hoje sabemos como as espécies se adaptam e evoluem, devemos muito a um pequeno passarinho: o Tentilhão. São 13 espécies em Galápagos e ainda servem para estudos no centro de pesquisas de ilha. Postos lado a lado, as diferenças são gritantes. Alguns de bicos pequenos, que comem no chão, tiram as sementes de capim. Outros, de bicos maiores, conseguem driblar os espinhos dos cactos. Alguns ficaram entre o marrom e o cinza. Outros, pretos. Observando os Tentilhões, Darwin compreendeu a origem e a evolução das espécies. Há milhares de anos, só uma espécie chegou na ilha, carregada por ventos fortes. Os tentilhões eram todos iguais. Quando um deles nasceu diferente, por exemplo, com o bico mais largo, era uma mutação, uma anomalia. Mas graças a ela, onde o cacto era o principal alimento disponível, esse passarinho diferente conseguia se alimentar em meio aos espinhos. Bem alimentado, mais forte, teve a preferência das fêmeas. Os filhos herdaram o bicão do pai, e também a facilidade de comer no cacto. Enquanto os outros, que passavam fome, foram desaparecendo. É a chamada seleção natural. A adaptação mais poderosa é a das Iguanas. É um réptil terrestre, e em Galápagos há três espécies que vivem em terra. E outras sete espécies que se adaptaram para buscar alimento no mar, e que só existem aqui. Usam o rabo para impulsionar o nado, e vão lá no fundo, para comer algas. Depois de meia hora na água fria, voltam para se aquecer nas rochas. Os espirros são a forma como eliminam o sal acumulado no organismo. Hoje são 4 ilhas habitadas e outras 9, desabitadas. Todo o arquipélago é de rocha vulcânica, ie, nunca esteve ligado ao continente e, ao longo de milhares de anos, umas desaparecem e outras se formam. É um ecossistema muito delicado e a presença humana, sempre cria um desequilíbrio, principalmente pela introdução de plantas e animais estranhos, que vão tomando o espaço das plantas nativas. É o caso de goiabeiras, que hoje são uma praga nas ilhas e prejudicam também a fauna. Existe um esforço grande das autoridades e comunidade para banir estas espécies introduzidas, mas leva muito tempo. Fomos até o terminal de passageiros comprar nossas passagens para o barco a Isabela, para amanhã. Várias agêncas vendem e o preço é o mesmo: US$30/pessoa. Final de tarde, fomos passear no malecón e, o mercado de peixes se transforma em um restaurante, servindo, claro, peixe, em meio aos leões marinhos e pelicanos. Tem um pelicano cujo bico é quebrado e que só sobrevive pois é alimentado pelo pessoal do mercado. Dormimos ouvindo o barulho do mar e sentindo a brisa fresca…

18/09/15

existem alguns passeios gratuitos em todas as ilhas e outros pagos. Hoje vamos pra ilha Isabela, mas como nosso barco só sai às 2 hs da tarde, pegamos um táxi e fomos para as “terras altas” conhecer onde as tartarugas vivem em seu habitat natural. São fazendas, privadas, mas as tartarugas têm livre acesso às terras. É emocionante ver estes bichões pré-históricos de perto e quão grandes são. São dezenas delas, caminhando, descansando ou se refrescando nas poças de lama. Só os machos ficam nas terras altas e, quando é a estação de acasalamento, as fêmeas sobem e podem ser fecundadas por mais de um macho e ela escolherá qual será o pai, escolhendo sempre o de melhor características genéticas. Depois de fecundadas, baixam novamente, procurando lugares mais secos e quentes, onde depositam os ovos e se mandam. Diferente das tartarugas marinhas, em que a taxa de sobrevivência é em torno de 1%, aqui chega a 25%. Cada ilha tem sua espécie de tartaruga, e algumas, como Isabela, tem 4 espécies diferentes. Vivem em média, 120 anos, podendo chegar a 170 anos. Aí também fomos conhecer os túneis de lava, como cavernas formadas, pela ação do tempo, chuvas, que “levaram” as camadas internas, ficando um ôco, por onde se pode caminhar. Ainda passamos pelos “Gemelos”, dois “buracões” formadaos pela sucção da lava através de túneis subterrâneos e hoje tomados por vegetação. Almoçamos no Descanso del Guia, um restaurante simples, mas com ótima comida, bem em frente ao embarcadero. Pegamos a lancha que nos levará a Isabela e fomos chacoalhando, num mar bravo, por duas horas. Se tiver propensão para enjoar, é melhor já tomar um remédio antes, pois a lancha bate bastante. A cidade em Isabela é Puerto Villamil, com uns 3 mil habitantes e infraestrutura básica. Não existem grandes hotéis em Galápagos, apenas pousadas. Agendamos 2 passeios para amanhã e fomos andar um pouco na praia onde vimos nosso primeiro atobá de pé azul. Mas o pobre estava com a asa quebrada! Ligamos pra dona da pousada e ela avisou o pessoal do parque, eperamos uns 40 minutos mas não apareceu ninguém. A verdade é que o pessoal do parque é escasso e não tem muito o que possam fazer, nessa situação. Não há sequer um veterinário em Isabela. Quem sabe ele seja adotado, como o pelicano de Santa Cruz, pois sem poder voar e pescar, não vai conseguir alimento sozinho…

19/09/15

são 3 passeios possíveis em Isabela: visitar a cratera do vulcão Sierra Negra, as Tintoreras e snorkel nos Túneis de Lava. Como o último tomaria quase todo o dia, resolvemos fazer os dois primeiros. De manhã fomos até a cratera do vulcão Sierra Negra, de carro e com uma caminhada fácil até o topo. Com o tempo encoberto, perdemos muito da vista da baía. Pode-se dar a volta pela cratera, o que leva em torno de 1 hora e meia. À tarde, por um mal entendido, nos atrasamos e tivemos que pegar um “táxi” até nosso barco, que já havia partido e fomos até as Tintoreras, um pequeno atol, onde fizemos uma caminhada, vendo iguanas, atobás e tubarões (chamados aqui de tintoreras) nos canais e depois fizemos um snorkel numa área calma, com muitos peixes.

20/09/15

madrugamos pra pegar a lancha, num trajeto que hoje será bem longo. De Isabela, temos que voltar a Santa Cruz, esperar umas 4 horas e pegar outra lancha até San Cristóbal, onde está a capital de Galápagos, Puerto Baquerizo Moreno. Descobrimos que há um pequeno avião que vai de Isabela a San Cristobal, mas não tinha mais lugar. Assim, lá fomos nós chacoalhando mais duas horas, de volta a Santa Cruz, tomamos um café da manhã no Descanso del Guia, onde deixamos nossa mala e fomos bater perna pela cidade, até a Estación Darwin, que tem umas prainhas onde dá pra curtir o impressionante verde do mar e mais dezenas de iguanas. Voltamos ao restaurante, almoçamos e pegamos a lancha para mais 2 horas até San Cristóbal. O Sr Marco, de nosso B&B estava nos esperando no cais e nos levou até sua casa. Deixamos nossas coisas e fomos dar uma volta na cidade e caminhamos até a Loberia, uma praia onde dezenas de lobos marinhos ficam descansando. Esta é a estação de cria, então vemos bebês de todos os tamanhos, brincando, nadando e mamando. Voltamos caminhando pra cidade e aproveitamos para comer um bacalhau fresco, muito bom.

Vejam as fotos:

Vejam o vídeo: