Moab, Utah – EUA

25/02/2015

dia fechado, com neve e chuva!!! Pegamos a estrada, saindo do Colorado em direção a Utah. Vamos pra Moab, porta de entrada para 2 parques nacionais: Arches e Canyonlands. Pelo meio do dia a chuva parou e até apareceu um solzinho. Demos uma desviada para o Black Canyon of the Gunnison, mas ao chegarmos na margem norte, que era mais perto, a estrada estava fechada e cheia de neve. Como não tínhamos tempo pra ir à entrada sul, só nos restou voltar à estrada e seguir para Moab. Logo após cruzar a fronteira do Colorado, entrando em Utah, já começamos a observar as formações rochosas de “sandstone”, com seu tom avermelhado característico. Trezentos milhões de anos atrás, o mar enchia esta região. O mar evaporou e enchia por 29 vezes, deixando camadas de sal de milhares de metros. Mais tarde, areia, rocha e lama carregados morro abaixo pelos rios do alto, acabaram cobrindo o leito de sal. Pelo sal ser menos denso que a rocha sobrejacente, ele sobe através dela, formando domo e bordas, com vales entre eles. A maioria das formações do Arches NP são feitas de sandstone (arenito) vermelho poroso, depositados 150 milhões de anos atrás. Mais tarde, água do solo dissolveu as camadas de sal, levando ao colapso dos domos, formando os arcos que vemos hoje. O parque tem mais de 2.000 arcos naturais, que junto às rochas em balanço, torres, espículas e rochas lisas conferem uma aura de grandiosidade ao local. Moab começou como zona de mineração, mas atualmente a principal fonte da economia é o turismo, tendo uma população de uns 6.000 habitantes e uma paisagem estonteante. Tem várias trilhas para caminhada, mountain bike e, pra nossa alegria, jipes. Vamos ver se descobrimos algumas…. Uma vez mais, estamos num flat, bem tranquilo e, para variar, só dá a gente.

26/02/2015

dia nublado e frio, lá vamos nós para o Arches NP. Nosso passe anual de parques aqui nos EUA gerou uma grande economia. Estamos usando bem. A estrada que corta o parque tem uns 25 km, com vários pontos de parada para apreciar e fotografar a paisagem e outros tantos com acesso a trilhas à pé. Hoje fizemos um “overview”, indo até o final da estrada, onde paramos pra uma trilha até o Landscape Arch, talvez um dos mais longos do mundo, um arco tão tênue, que parece que vai desabar a qualquer momento. Mas, está assim há alguns milhares de anos. Tentamos ir até o Double “O” Arch, mas pegamos uma trilha primitiva, ie, pelas rochas, à beira de precipícios, mas como já estava tarde e não estávamos nem na metade, resolvemos voltar. Tentaremos voltar nos próximos dias … Mas ainda fomos ver o Skyline, o Sand Dunes e o Broken Arches. E pelas trilhas e estradas, paisagens grandiosas, árvores retorcidas, formações improváveis, cores e matizes, e mesmo com o sol ausente, fica-se de queixo caído. Final de tarde fomos até o “viewpoint” do Delicate Arch, mais um que é muito fotografado e a trilha nnos leva por rochas à beira de um canion e, nesta hora, o sol apareceu, reforçando ainda mais o tom avermelhado da paisagem e o lindo arco à distância. Deu vontade de ficar lá em cima pra apreciar o pôr do sol, mas como a trilha não é bem demarcada, em meio a rochas e fendas e não tínhamos uma lanterna, resolvemos descer enquanto havia luz. Segurança sempre em primeiro lugar.

27/02/2015

como previsto, amanheceu nevando, mas enquanto tomávamos o café da manhã, começou a chover fino. Mas pegamos a Cherry e fomos ao parque. Logo ao tirarmos a primeira foto, descobrimos que a máquina estava sem bateria … É, acontece. Como é bem perto, voltamos rapidamente ao nosso flat e pegamos a bateria. E nisso, o sol deu o ar da graça! O que torna tudo mais lindo. Paramos no mirante da Courthouse, um conjunto de rochas que parece um aglomerado de prédios. Seguimos para a Balanced Rock, e aqui a neve voltou a cair. Voltamos pro carro e seguimos até o Wolfe Ranch, uma casa de troncos construída por John W Wesley, que veio para o oeste depois de um ferimento na perna durante a guerra civil americana, em 1898. Ele construiu e viveu nesta cabana junto com outros 5 membros da família até 1910, quando retornaram para Ohio. A cabana teve varios donos, até o NPS comprá-la e incorporá-la ao parque. Aqui o sol estava de volta. Um pouco á frente tem alguns petroglifos com cenas de caça, atribuídos aos nativos Ute e datados por volta de 1600. Continuamos nossa trilha em direção ao Delicate Arch, subindo, passando por áreas estreitas cortadas na montanha, com o abismo ao lado. Se tiver vertigem, não dá pra ir. Depois de uma curva, lá está ele, como que emoldurando o céu, o Cache Valley atrás. Tiramos fotos de todos os ângulos possíveis e ficamos um pouco por lá, curtindo o cenário. Como o vento e frio começaram a apertar, fomos voltando e, apesar da mesma paisagem, a perspectiva da vista é outra e não se cansa olhar. Novamente na Cherry, fomos ver Windows, dois arcos, um ao lado do outro, como dois olhos. De longe parece uma máscara veneziana. Fomos seguindo a trilha ao lado até chegarmos atrás dos arcos. Ao lado está o Turret Arch, que tem uma “torre” ao lado do arco. Cruzamos o arco e fomos por um caminho estreito até o fundo da rocha. Pertinho, seguimos até o Double Arch, que como o nome diz, são dois arcos em ângulo, lindos, ainda mais com o azul do céu. Com o céu claro, finalmente conseguimos ver as montanhas Lasal, denominadas assim por exploradores espanhóis em 1776, que as avistaram em agosto, pleno verão, e não acreditaram que o branco no topo, fosse neve e sim sal. É a segunda cadeia de montanhas mais alta de Utah, e faz um contraste bem legal com o vermelho das rochas do parque. Aí, vimos uma estrada de terra e não resistimos e percorremos um trecho. Hoje o dia teve de tudo, neve, chuva, frio, sol. Muito bom!

28/02/2015

novamente, nevando e frio. Saímos da cama mais tarde e fomos novamente ao parque e fizemos a trilha Park Avenue, que parece mesmo uma avenida, ladeada por edifícios majestosos. Como eles dizem aqui, é uma trilha primitiva, pelas pedras, leito de rio seco, mas não muito difícil. Aqui no parque, várias rochas me lembram coisas egípcias, como sarcófagos e hoje “vi” o busto da Nefertiti. Voltamos pro carro e pegamos outra estrada de terra, esta mais tranquila, até que resolvemos pegar uma bifurcação para chegar ao Tower Arch e demos com uma baita subida, bem irregular, nas pedras. Fê saiu pra dar uma olhada e, depois dessa subida, na curva, a coisa só piorava. Como temos ainda um longo trecho pela frente, não estamos com pneus adequados, resolvemos voltar. Nos preparávamos para dar ré quando vimos um grupo de Wranglers, Toyotas e outros, com suspensão elevada e pneus 33’, vindo em sentido contrário, ie, descendo pelas pedras. O que puxava o comboio parou para falar conosco e nos disse que aquele era o trecho mais fácil, e nos aconselhou a não tentarmos passar. Nada como falar com quem conhece. Agradecemos e só nos restou voltar. Saudades dos amigos trilheiros off-road!!! PES, cadê vcs???

01/03/2015

sem sol, tudo cinza, pegamos novamente a estrada de Salt Valley. Já que não conseguimos ir de carro até o Tower Arch, vamos à pé. Uns 15 km de estrada de terra, paramos a Cherry e seguimos por uma trilha que nos levaria ao Tower Arch. Trilha é a denominação por falta de outro nome, mas o caminho é pelas pedras, dunas, quase sempre subindo. Se tivéssemos conseguido ir de carro, pela estrada de terra, teríamos que andar 500 m. Agora, temos uns 6 km pela frente, morro acima. Aqui só tinha um carro, pois pouca gente vem. Mas vale a pena, pois o visual e o silêncio são demais. Depois de quase uma hora, chegamos ao Tower Arch e pudemos aproveitar o silêncio do local e a vista que se perde ao longe. Aproveitamos para fazer um lanche, para enfrentar o caminho de volta. A trilha é demarcada por montes de pedras amontoadas ou “cairns” e, apesar de bem rústica, é fácil de se seguir. Neste 5 dias, conseguimos explorar bem o parque, mas teria muito mais pra se ver e fazer. Saindo de lá, pegamos um trecho da estrada 128, que acompanha o rio Colorado e que tem vários pontos para piquenique e outras tantas trilhas à pé e de bike. Sem falar que no verão pode-se fazer rafting, caiaque, canyoneering e muito mais.

02/03/2015

dia chuvoso, tiramos para lavar roupa e descansar ….

03/03/2015

dia ensolarado, pegamos a estrada para irmos ao Canyonlands National Park, o maior parque de Utah. É dividido em 4 partes: Island in the Sky, The Needles, The Maze e os rios Green e Colorado, sendo as duas primeiras áreas mais facilmente acessíveis e, portanto, as mais visitadas. Saímos de Moab e pegamos a 279, uma estrada pequena, que daí a pouco bifurcava numa estrada de terra. Olhando o mapa e GPS, vimos que cortaria umas 10 milhas e resolvemos pegá-la. E valeu a pena. Passamos por canions, ao lado do rio Colorado, subimos por estradas estreitas, passamos sob uma rocha caída e vimos paisagens deslumbrantes. Tem até um filme que postaremos depois, no youtube. Fizemos um novo desvio para ir ao Dead Horse State Park, onde o rio Colorado faz uma curva lá no fundo do canion. Conta a lenda que o nome é devido ao fato de por volta de 1800, alguns cowboys prenderam alguns cavalos selvagens por ali, separaram alguns, para vender e deixaram os demais presos. Sem pastagem e sem água, os pobres cavalos acabaram morrendo: Dead Horse. O lugar é muito bonito, com vistas do canion e as montanhas ao fundo. Dali, seguimos para Island in the Sky, que é a parte alta dos canions. O centro de visitantes estava fechado, mas já tínhamos pego um mapa no Arches Park. Nossa primeira parada foi no Mesa Arch, um dos pontos mais fotografados do parque. Dali seguimos para o Green River Overview, um ponto de onde se vê o rio lá embaixo e depois para o Upheaval Dome, uma cratera com rocha esverdeada, que se chega por uma trilha de ums 3 km, pelas rochas. O mistério de como se formou esta cratera, pode ter duas explicações: a queda de um meteoro há milhões de anos ou o processo semelhante ao da formação dos canions e demais estruturas da região – a erosão e fragmentação das camadas inferiores de sal, com elevação das camadas de rocha. Aqui, eu tinha mudado a máquina para fotografar em branco e preto e não percebi … Todas as fotos tiradas neste ponto foram PB. Só percebi na próxima parada. É, sh.. happens!! E na volta estava chovendo e nevando, então não deu pra refazer. Com a chuva (ou seria neve?) nos nossos calcanhares, seguimos para o Grand View Point, de onde se tem uma visão de toda a área. Dizem que em dias claros se enxerga a cem milhas. Ao lado do centro de visitantes, tinha uma entrada para uma estrada de terra, a Shafer Road, que descia serpenteando até lá embaixo e dá acesso a outras trilhas off-road, por umas cem milhas. Mas, estava fechada, por ser inverno. Mas, logo mais à frente, achamos outra estrada de terra, que nos levou às Gemini Bridge, duas estruturas enormes de pedra, separadas por uma fenda e com o canion bem lá embaixo. Como a neve começou a cair, voltamos para a estradinha e seguimos, passando por umas descidas nas pedras, áreas estreitas, mas com um visual prá lá de legal, principalmente pelas paredes de nuvens e buracos de sol, dando aquele contraste. Hoje o dia foi super produtivo. Amanhã deixamos a linda região de Moab e seguimos para a outra parte de Canyonlands, The Needles.

Vejam as fotos:

Vejam o vídeo: