Fairbanks, Alaska – EUA

11/08/2014

Amanheceu chovendo, com uma névoa cobrindo tudo e a temperatura despencou: 5o C. Fomos procurar um posto (tem 2 aqui) pra reabastecer, pois pretendemos chegar a Fairbanks hoje. Mais um dos motivos de termos escolhido o Jeep Grand Cherokee, é sua autonomia: mesmo nestas estradas ruins, conseguimos rodar mais de 850 km com um tanque. Mas, uma regra básica de overlander é abastecer sempre que possível, para evitar sufoco. Na Dalton Hwy tem trechos de até 300 km sem posto. É comum ver as pessoas carregando tanque de combustível acessório (ás vezes mais de um). Muitos caminhões, enormes, que vêm “chinelando”, mesmo nas partes sem asfalto. A orientação é que eles sempre têm a preferência e sempre que possivel, sair da frente. O duro é o monte de cascalho que voa e o risco de quebrar o vidro dianteiro. Aliás, vimos vários carros com o vidro trincado e mesmo a lataria amassada, pelas pedradas. Alguns usam uns protetores, mas não sei se funciona. Depois de uns 100 km, o tempo começou a abrir e deu pra apreciar um pouco a paisagem. Extensas planícies cobertas de tundra, que é um bioma no qual a baixa temperatura e estações de crescimento curtas impedem o crescimento de árvores. A vegetação predominante é composta de líquens, musgos, ervas e arbustos baixos. Uma adaptação que as plantas destas regiões desenvolveram é o crescimento em maciços, o que as ajuda a evitar o ar frio. Outra adaptação é que elas crescem junto ao solo, o que as protege dos ventos fortes. As folhas são pequenas, retendo a umidade com maior facilidade. Apesar das condições inóspitas, existe uma grande variedade de plantas que vivem na Tundra Ártica. Ao fundo, cadeias de montanhas, a Brooks Range, considerada pelos americanos uma continuação das Rochosas (os canadenses discordam), que se estende de oeste para leste, do norte do Alasca para o território do Yukon, no Canadá. Acredita-se que tenha mais de 126 milhões de anos e seu ponto mais alto está a 2700 m de altura. Hoje vimos menos caçadores na beira da estrada, talvez por ser segunda-feira. Novamente, vimos uma manada de boi almiscarado, que não é um boi mas é da família do carneiro e do bode. Parece-se com um pequeno bisão. Tem cabeça grande, pescoço curto e pernas curtas e fortes. Os machos, chamados de touros, podem chegar a 2,3 metros de comprimento e pesar 410 quilos. As fêmeas, chamadas de vacas, são menores. Seu pelo é marrom-escuro e muito comprido, a ponto de quase roçar o chão. Sob o pelo, há uma espessa camada de lã. Os esquimós utilizam o pelo do boi-almiscarado para fazer roupas. Os mais velhos têm chifres que podem chegar a 60 centímetros de comprimento. As fêmeas e os animais jovens têm chifres menores que usam como arma quando se sentem ameaçados. Os machos exalam um forte odor durante a temporada de acasalamento. O nome boi-almiscarado deve-se a esse odor, que se chama almíscar. Acho que esta substância era usada num perfume muito comum nos anos 90, chamado Musk. Como estava bem frio, os bichos estavam todos deitados no chão. Novamente, passando pelo Atigun Pass, a passagem mais alta da Dalton Hwy e por onde passa também o oleoduto, a 1415 m. Paramos novamente para ter uma visão panorâmica e fui abordada pelo Bob, perguntando as condições da estrada. Ele e a esposa, ambos com uns 76 anos (prótese nos dois lados do quadril e um joelho) estão há 2 anos rodando pelos EUA e Canadá, numa van, onde ás vezes dormem. É ou não de tirar o chapéu? Nunca é tarde para se realizar um sonho! O principal é a vontade, é querer. O resto ajeita-se. Paramos novamente em Coldfoot para abastecer (ainda tinhamos ¾ tanque cheio) e seguimos. Mais fotos, pois apesar de termos já passado por aqui, a incidencia do sol muda a paisagem. Mesmo nesta área remota, encontramos ciclistas, sozinhos ou aos pares, pedalando longas extensões. Ainda não consegui conversar com nenhum, mas tenho muita curiosidade em saber quanto pedalam por dia, onde dormem, o que comem. Sempre tem umas bagagens na lateral da bike, mas mesmo assim… E motociclistas de monte. Amigos, pai e filhos, marido e mulher. A camaradagem na estrada é muito legal. Já quase chegando a Fairbanks, depois de 10 horas de estrada, vimos nosso primeiro alce, ie, uma “alce”, pois não tinha chifres. E mal deu tempo de fotografar, ela atravessou a pista e se embrenhou na mata. Ganhamos o dia!

12/08/2014

Dia chuvoso e como fizemos um batidão nos últimos dias, resolvemos descansar. Pegar um cinema, ler, baixar fotos.