Hatch – Utah

07/07/2014

Rumo a Hatch, Utah. Tempo bom, calor logo cedo. Paisagem de deserto e estrada plana. Pelo caminho, passamos por Page, AZ, na região do Lake Powell, que faz parte do Glen Canyon National Park; formado pelo rio Colorado e alagado em algumas partes para construção de uma represa para a usina hidrelétrica. Fomos conhecer uma parte da região, conhecida como Horseshoe (ferradura) Bend, onde o rio faz uma curva sinuosa que lembra uma ferradura, visto do alto do penhasco. Mais um dos caprichos da natureza … Lá embaixo, os barcos parecem de brinquedo. Fomos pela parte alta, de onde se tem uma visão de toda a área. Também é possível ir de barco, pelo rio. A área está dentro da reserva Navajo e são eles que controlam o acesso. Aqui o nosso passe nacional não vale. Tem uma marina, onde as pessoas deixam seus barcos, mas também tem um acesso público, se você quiser trazer seu barco, caiaque ou jet-ski e passear pelos canions do rio. Resolvemos parar numa área com acesso ao rio e descemos até lá. Como a maior parte da área é pedra, o rio tem águas cristalinas (me lembrei da Canastra e os canions de pedra de Furnas) e tépidas. Achamos uma pequena enseada, sem ninguém por perto e entramos na água, de roupa mesmo. Ficamos ali nos refrescando um pouco, curtindo o silêncio e a paz do local. Mas, hora de seguir…. Fomos voltando pela estrada e resolvemos fazer outra parada, para conhecer o Antelope Canyon. Demos sorte pois o último tour estava saindo. Aqui só se pode fazer o passeio com um guia Navajo. Nos unimos ao grupo e fomos em frente. O passeio é pela parte baixa do canion, passando-se por umas áreas bem estreitas e formações de rocha ora avermelhada, ora rosada. Muito legal. Algumas rochas tem um formato peculiar, como o “Chefe Indígena”, a “Mulher com o vento nos cabelos” e “a Águia”. Acho que batemos nosso recorde de fotos, hehehe. Os guias geralmente param numa área mais ampla do canion e tocam uma flauta de madeira o que cria um clima muito legal. A acústica local é muito boa. Seguindo, passamos por cima da barragem da usina, que tem um centro de visitantes e pode-se visitar, mas já estava fechada. Ah, perto tem também uma usina termoelétrica. Continuando, a estrada começa a mudar, com muitas coníferas, junipers, mais verde. E subida. Chegamos a 2500m, a temperatura caiu de 38 para 16 graus, em menos de meia hora! Passando por cidades bem pequenas, ás vezes só uma fileira de casas ao longo da estrada, riachos, vacas, cavalos. Bem rural. Nossa parada é um bed&breakfast, o Bear In. Hatch é um povoado com umas 100 pessoas, mas muito verde, riachos e montanhas ao fundo. Chegamos á noite e fomos recebidos pelo Jim e a Abby, a cadela da casa, de 14 anos, mas em plena forma. O B&B, na verdade é a casa dele e ele aluga dois quartos. A casa é linda, construída em toras de madeira, por ele e os filhos, com uma decoração de cartão postal. Tomamos um banho e cama.

08/07/2014

Acordamos não tão cedo, e o Jim e sua esposa, Betty nos esperavam com um belo breakfast americano: waffles, hamburguer, frutas, suco, café. Bem alimentados, vamos a mais um parque, o Bryce Canyon, descrito como “poesia em pedra”, onde se pode observar a força da erosão, com platôs cobertos de floresta e picos nus e rochas de onde caem riachos, que quando congelados, rompem a rocha. E o jogo de luz e sombra á medida que o sol vai mudando, também ´muito legal. Os indios Paiute dizem que aqui viveram criaturas que eram como animais, que se transformaram em pessoas. Mas eram más, assim o deus Coyote os transformou em pedras de várias formas. Essas criaturas ainda vivem juntas por aqui, com suas cars pintadas como eram antes de virarem pedra. Pegamos a estrada cênica (todos os parques tem uma) e fomos parando pelos vários pontos, como a Natural Bridge, que na verdade é um arco de pedra de uns 140 m de largura por 200m de altura e que faz um belo contraste com seu vermelho e o verde das árvores e o azul do céu. Lindo! Outra parada para caminhada, no Fairyland Point (terra das fadas), com seus picos e monolitos coloridos tão próximos que parece possível tocá-los; outros solitários ao longe e outros como um grupo de cantores de coral. Algumas destas formações são chamadas “hoodoos”: paredes de rocha que vão sendo erodidas, criando buracos e, eventualmente, colapsam, deixando uma coluna; a chuva vai dissolvendo e esculpindo estes pilares em espirais bulbosas, que eventuamente desmoronam e novos são formados. Assim, a paisagem está sempre em mudança. Por falar em coral, estudos acústicos mostraram que o silêncio aqui no Bryce tem a mesma qualidade de um estúdio de som. E também tem uma das melhores qualidades de ar do país.A maior altitude, o ar limpo e seco e a falta de iluminação, fazem do Bryce Canion um dos lugares mais escuros do planeta e, consequentemente, ótimo para se observar estrelas. E uma beleza ímpar!! Na volta, passamos pelo Red Canyon, uma área menor, mas com paredes vermelhas, outro tipo de rocha, lindas. Aqui se escondeu mais um dos famosos bandidos (ou herói) do velho oeste: Butch Cassidy ( no filme acho que era o Paul Newman). Curto muito estas histórias….

09/07/2014

Ontem o Jim buscou dois de seus netos e vai acampar com eles. Os moleques conhecem tudo de baseball e football americano, e no café-da-manhã o Cooper (10 anos, acho) ficava sabatinando o Cash (8 anos), sobre jogadores, jogos, etc. Nos despedimos do Jim e das crianças e agora em direção ao Zion National Park. A vista hoje é de baixo pra cima, ie, do leito do rio Virgin para o alto do canion. A escala é imensa, com penhascos despencando de 700 m. Os pioneiros mórmons chamavam estas esculturas de “ templos naturais de Deus”. Um milhão de anos de água corrente e ventos cortantes pelo leito vermelho e branco de pedra sandstone Navajo, formaram as paredes deste canion. Ao longo do rio Virgin crescem vários tipos de árvores, que vão mudando á medida que o terreno vai subindo. Pegamos a estrada Zion- Mt Carmel, que desce 400 m da entrada leste para a entrada sul, passando por túneis escavados na rocha, passando pelo Great Arch, que tem 500 m de altura, mas é um arco “cego” porque está escavado no rochedo. Novamente, alguns trechos só de ônibus do parque. Pela primeira vez, tivemos dificuldade em estacionar. O parque estava lotado! Acabamos estacionando numa área um pouco mais distante e pegamos a busanca. Logo passamos por 3 “morros” chamados de os “ Três Patriarcas”, em referencia aos patriarcas do Velho Testamento (acho que Abraão, Isaac e Jacó). De volta ao onibus, paramos na “Emerald Pools”, uma trilha que leva a 3 grupos de “piscinas” naturais. A mais baixa, tranquila, a mais alta, cansativa com a subida e o sol quente. As piscinas estavam meio secas, devido ao calor intenso dos últimos meses. Emendamos com a trilha que vai pros “Narrows”, a parte estreita do canion. Chegamos até o rio Virgin, onde centenas de pessoas estavam aproveitando a área de sombra e água. A trilha continuava por dentro do rio, até a parte bem estreita do canion, mas resolvemos voltar. Pesou o cansaço e a ameaça de chuva. Nestes locais onde o canion se estreita, o risco de enchentes repentinas, tipo tromba d’agua, é muito grande, pois desce um grande volume de água pelas paredes do canion, que não tem por onde sair a não ser pelo leito do rio. Sempre há avisos nesses locais, do risco de tromba dágua e alertas de que você é o responsável pela sua segurança. Há relatos de vários episódios em que o rio subiu rápidamente (ainda que não estivesse chovendo ali), e pessoas foram arrastadas pela correnteza abrupta. Pegamos a busanca de novo até a parada da “Weeping Rock”, a rocha que chora, e fomos caminhando atéa a dita cuja. Que estava choramingando, hehehe, de tão pouca água que tinha… E muita gente!!!! Voltamos, pegamos o ônibus até onde estava nosso carro e voltamos pra nossa casa de troncos, debaixo de uma chuva leve…. A Betty disse que falou com o Jim e estava chovendo muito onde estavam acampados e ele resolveu levar as crianças ao museu do Bryce para distraí-los um pouco, hehehe. E a Mac, outra neta, veio ficar com a Betty. Criançada bem tranquila, não se ouvia um barulho! Fim de tarde nublado, aproveitamos para descansar um pouco, pois os últimos dias tem sido puxados ….