Nazca – Peru

22/03/2014

A volta de Canion do Colca a Arequipa foi mais tranquila ontem, até porquê paramos menos. Paramos em Yanahuara para ver o Misti já que o tempo estava bom, e seguimos para a mesma pousada, Grace Valley (http://gracevalley.webs.com) e ficamos sabendo que havia uma greve de mineiros informais, que estavam fechando várias estradas da região.
Logo pela manhã fomos ao centro em busca de informações no i-Peru e nos aconselharam a não seguir viagem pois a rodovia Panamericana Sur, que iríamos pegar, estava bloqueada em vários pontos, tendo havido conflitos entre os mineiros e a polícia. Estes mineiros trabalham em pequenas minas e não pagam impostos e não seguem as regras de mineração. O governo, há 3 anos, lhes deu prazo para que se “formalizassem” e como não aconteceu está multando-os e fechando algumas minas. Por isso, aos milhares, se mobilizaram e estão bloqueando as estradas na região de Challa, Arequipa, Puno e Cusco. Resolvemos então ficar mais um dia por aqui e aproveitamos para baixar fotos, atualizar o site e descansar.

23/03/2014

Logo cedo fomos ao i-Peru e estava havendo uma parada na Plaza de Armas, com banda marcial, desfile do exercito e de alguns grupos com roupas típicas. Perguntei a uma senhora do que se tratava e ela me disse que é uma cerimonia de saudação á bandeira, que ocorre aos domingos em várias cidades do Peru. Bonito de se ver. Enquanto o Fernando fotografava, fui ao i-Peru e me disseram que a estrada estava livre, mas que não sabiam por quanto tempo. Voltamos rapidamente á pousada, pegamos nossas coisas e caímos na estrada. Até Camaná, a estrada é bastante sinuosa, ladeada por dunas gigantes. A partir daí, pegamos a Panamericana Sur, que vai costeando o Pacífico, á esquerda. Seguimos bem, tendo passado por 2 pontos de bloqueio que estavam liberados naquele momento, com milhares de mineiros sentados ou deitados próximos dos pontos de bloqueio, que geralmente é na entrada ou saída das cidades. Até que chegamos em Challa, onde haviam bloqueado novamente. Havia algumas dezenas de caminhões parados (ônibus já não estavam circulando há 4 dias) e muitas pedras bloqueando totalmente a estrada. Desci do carro e falei com algumas pessoas da cidade, que nos indicaram um desvio por dentro da cidade. Fomos seguindo até que chegamos em outro bloqueio e o Fernando tentou falar com uns mineiros que estavam ao lado mas nos indicaram que não poderíamos passar por ali, nos orientando: “No, gringuito, sigue por allá!!”. Rapidamente saímos de lá pois estava começando a juntar mais gente e fomos seguindo por dentro da cidade até que conseguimos sair em um ponto onde já não havia bloqueio. Momentos de tensão e medo!!! Nunca se sabe como uma massa de gente vai reagir. Chegamos a Nazca sem maiores problemas, ao anoitecer, e nos dirigimos a Nazca House (http://www.nazcahouse.com), nossa pousada. Fomos recebidos pela Sra. Nancy e sua irmã, Sra. Elza. A pousada é bem tranquila e parece a casa da mãe da gente. E as senhoras são super atenciosas e fazem de tudo para nos deixar á vontade. Boa cama e bom chuveiro. Baixamos nossas coisas e fomos comer pois só havíamos comido coisinhas que levamos no carro. Uma boa comida e duas jarras de chicha morada (que é uma bebida que parece sangria, mas não tem álcool e é feita de milho vermelho, típico do Peru), pois o calor estava bravo.

24/03/2014

Pela manhã, enquanto tomávamos café da manhã, Dna. Nancy chamou ao Luiz, da agencia de viagens, que marcou vôo sobre as linhas de Nazca já para agora de manhã. Veio nos buscar o Raúl, um menino muito simpático, que seria nosso guia no dia de hoje. Chegamos ao aeroporto, e ainda que seja baixa temporada, havia bastante gente esperando para voar. Voamos pela AeroParacas, em um Cessna de 6 lugares, com mais um casal e o Tobias, um americano de NY, além do piloto e do guia. Fui no assento do fundo e o Fernando lá na frente. O vôo dura uns 30 minutos e o piloto inclina o avião á direita e á esquerda para que todos possam ver as figuras. Existem diversas teorias de porquê e por quem foram feitas, inclusive por extraterrestres ( Eram os Deuses Astronautas – Eric Von Daniken). Mas, a mais aceita é que a civilização Nazca, que viveu aí de 300AC a 600DC, era de sacerdotes e que as figuras foram feitas para homenagear os deuses das várias regiões e que peregrinos vinham anualmente (solstícios e equinócios), dançar para seus deuses sobre as linhas das figuras. Em seguida visitamos o cemitério de Chauchilla, que ocupa uma grande área, com algumas tumbas reconstruídas pois, como sempre, já foram violadas por saqueadores. Segundo Raúl, existem ainda centenas de tumbas enterradas e não exploradas. Pelo local se vêem vários ossos e pedaços de cerâmica. As múmias estão expostas, cobertas apenas por tetos de bambu. Só não se deterioram mais rapidamente porque aqui quase não chove. Uma pena…. Em seguida fomos visitar as pirâmides em Cahuachi. Em uma área de 24 km havia toda uma cidade, á beira do rio, que em seu esplendor devia ser magnífica. Há uma pirâmide principal, semi desencavada, de onde o sumo sacerdote falava aos peregrinos. O local tem uma acústica impressionante e imaginei o sacerdote com suas vestes e ornamentos em ouro, falando e todos conseguindo ouvi-lo por quilômetros. Era impossível duvidar do poder dos deuses!!! Houve um terremoto, que destruiu parte da cidade e, apesar de todos os rituais para aplacar a fúria dos deuses, inclusive com sacrifícios humanos, a cidade sofreu outro terremoto e assim, a cidade foi abandonada. Além disso, vieram os guerreiros Wari, que os submeteram e mesclaram as duas culturas. Depois dessa aula de cultura Nazca por nosso guia, Raúl, fomos voltando para Nazca e adivinhem: os mineiros chegaram aqui e bloquearam a entrada da cidade. Raúl tentou passar ao lado, mas vieram alguns deles com pedras nas mãos e achamos melhor parar o carro. O que se mostrou prudente, pois vimos carros com vidros quebrados. Assim que se dispersaram, entramos por umas ruelas, demos em outro bloqueio, desviamos novamente, e apesar das muitas pedras na estrada, nosso guia nos trouxe em segurança até nossa pousada. Já tô achando que é muita adrenalina…

25/03/2014

Raúl passou logo cedo para irmos ao aqueduto, pois não havia bloqueio da estrada. Um sistema de captação e distribuição de água, que abastecia toda a região e em funcionamento até hoje. Baixou o engenheiro no Fernando, que tentou explicar porquê há 2 sistemas de captação, convergindo para um de distribuição. Desceu, avaliou o fluxo dos 2 canais e chegou á conclusão, que é um sistema redundante: se diminuir a água de um tem o outro pra manter o volume de água. De qualquer forma a água é cristalina e impressiona como foi construído por dezenas de quilômetros e que funcione até hoje. Os caras não eram fracos, não. Voltando á cidade, os mineiros já estavam novamente em marcha para bloquear a estrada. Pelo que ouvi das notícias, o governo não vai negociar e acho que está tentando vencê-los pelo cansaço. Fomos abastecer pois queremos sair cedo amanhã, antes que eles se mobilizem novamente. Parece que para o norte não há manifestações. Desistimos de visitar outros sítios aqui para não correr risco de dar de frente com novos bloqueios.