Canion do Colca – Peru

18/03/2014

Café da manhã maravilhoso em nossa pousada, Grace Valley, e de novo na estrada em direção ao Canion do Colca que é a segunda atração do Peru (perde apenas para Machu Pichu) e é duas vezes maior que o Grand Canyon, no Arizona. Em alguns pontos, do topo ao fundo, tem 1200m de profundidade e vistas magnificas alguns povoados que ainda guardam as tradições indígenas locais. E finalmente, tivemos um vislumbre do poderoso vulcão Misti. Trânsito pesado pra sair de Arequipa. Não há muitos semáforos e a coisa é meio no “salve-se quem puder “ e na buzina.
Como sempre, a paisagem da estrada é deslumbrante, mas com muitas curvas e pirambeiras, subindo e subindo. Inúmeras paradas para apreciar o visual de vulcões, montanhas, picos nevados, lagoas, animais e pássaros. Vários pequenos povoados até chegar a Chivay, a 3287 msnm, que é a porta de entrada do Canion do Colca.
Paramos para almoçar, pois nossa pousada era na outra ponta da margem esquerda do canion. Chivay tem uma praça central bem cuidada, com sua igrejinha, claro, e vários bares. Tem também um mercado onde se vende frutas, carnes, mantimentos.
Ao longo do vale do Colca, vê-se plantações em terraços, como no tempo dos incas: batatas, trigo, quinoa, milho.
Existem vários trekkings possíveis pelo vale do Colca, que podem durar até dez dias, que podem ser feitos com guias locais ou por sua própria conta, com um mapa que é fornecido na entrada do parque. Depois do almoçom demos uma volta até a Puente del Inca e pelo caminho encontramos duas garotinhas de 5 e 7 anos, voltando da escola e que foram conversando conosco e nos disseram que no rio Colca existem sereias, que cantam muito bem e se você chega muito perto da margem, elas te puxam. E a menor acrescentou, principalmente meninas pequenas, que não estão com suas mamás.
Mais 2 horas de estrada em péssimas condições até chegar em Cabanaconde de onde é possível se descer até o rio Colca. Saímos de Arequipa às 9:30 e chegamos em Cabanaconde às 18 horas, para rodar 210 km. Nossa pousada, um tanto quanto derrubada. Pra variar, éramos os únicos hóspedes. O rapaz que nos atendeu, Oscar, foi muito simpático e nos informou que seria possível descer o canion e subir no mesmo dia. Havia ele, uma garota que era a chef e outro rapaz, namorado da chefe e sem função definida. Como estávamos cansados, comemos ali mesmo e fomos dormir. Temos tido o cuidado de sempre comer coisas cozidas, evitando saladas, para evitar maiores dissabores. Principalmente se o lugar é suspeito e não prima pela higiene.

19/03/2014

Café da manhã frugal, Oscar nos emprestou 2 bastões de caminhada e ás 8:30 iniciamos nossa descida em direção ao oásis Sangalle, no fundo do vale. E bota descida nisso…. São 1100 m de descida, em ziguezague, que deve render aí uns 3 a 4 km. Por sorte, o tempo estava meio nublado, assim pelo menos o calor era menor. A descida é penosa e íngreme, com passagens á beira do precipício e cruzamos com várias pessoas subindo á pé e de mulas, e fomos ultrapassados por outras descendo. Mas o visual compensa!!! Diferentes tipos de rochas, os picos nevados ao fundo, vários povoados que surgiam no meio do nada e lá no fundo, o rio Colca e o oásis, com umas 4 a 5 pousadas, com palmeiras e piscinas azuis que se destacavam do marrom e verde. Tirei sei lá quantas fotos, muitas de flores minúsculas, que brotam nessas áreas tão inóspitas. Pra se ver que delicadeza nem sempre é sinônimo de fragilidade. E o silêncio, cortado apenas pelo canto dos pássaros. E ás vezes, pelas pragas que o Fernando me rogava por tê-lo metido nessa, pois ele detesta andar em pedras. Também vimos o que achamos serem condores. Depois de 3 horas e meia, chegamos ao oásis e nos dirigimos a uma das pousadas, a Paraíso de las Palmeras, indicada pelo nosso anfitrião de Cabanaconde, que claro, era a última . Fomos atendidos pela Sra Gladys , que estava na cozinha de onde vinha um cheiro ótimo. A esta altura estávamos esfomeados e sedentos. Comemos uma sopa de quinoa com legumes e, eu, um guizado de lhama e o Fernando, não querendo se aventurar mais, uma omelete com legumes, hehehe. Nisso, já era umas 3 horas, e achamos melhor não arriscar a subida. Também não sei se teríamos condições físicas. Assim, resolvemos passar a noite no oásis. A pousada é bem rústica, mas muito bem cuidada e limpa, com uma piscina com água corrente. Pedimos um quarto com banheiro privativo (a maioria é com banheiro compartilhado, fora do quarto). Daí a pouco foram chegando vários grupos com guias, que fazem o trajeto de vários dias. Fê estava cansado e mal humorado e resolveu descansar. Fomos para o quarto, que consistia em uma cama e o banheiro, com água fria, naturalmente e sem luz elétrica. Sem contar que a porta de entrada dava no ombro dele, rsrsrs. Eu resolvi descer até o rio, acompanhada pelo guia Sansón, um cão SRD, que segundo dona Gladys conhece toda a região e ás vezes vai de guia para turistas autônomos. O fato é que me levou até a beira do Colca, um rio barrento e de correnteza forte ali. Ficamos por ali um pouco, ouvindo o rugir do rio. De volta á pousada, Sansón foi descansar e eu também. A Sra me disse que ele deve ter uns 8 anos, e que esteve perdido por 4 anos. Acha que alguém o levou para Chivay e ele não conseguiu voltar, tendo retornado há apenas uma semana atrás. A piscina estava bem convidativa, mas não levamos roupa de banho. Assim, tomei um banho de gato na água fria, demos uma voltinha por ali (não há um povoado, só mesmo as pousadas) e fomos jantar. Agora uma canjinha seguida de espaguete. Em seguida, cama. Por sorte tínhamos a lanterna do celular, pois era um breu só. Claro que quando o Fernando foi usar o banheiro, deixou o tampo da cabeça na porta (na verdade uma bela ralada).

20/03/2014

Café da manhã ás 6 horas, para subirmos sem muito sol. Havia a opção de subir de mula, mas acho que o Fernando não ia “caber” e achamos melhor confiar nas nossas pernas. Ele agora estava de melhor humor, mas amaldiçoando o rapaz do hotel, e com um pouco de dor de cabeça por causa da altitude, do esforço e da noite mal dormida. Eu me sentia um pouco cansada, mas bem feliz, rsrsrs. Acho que ele queria me jogar do penhasco. Após 5 horas, chegamos ao topo e o guarda parque, perguntou: están cansados? Vi o Fernando dando-lhe com o bastão na cabeça. Felizmente, ele se controlou e seguimos mais uns 20 minutos até nosso muquifo. Que era pior do que pensávamos, pois nosso quarto estava exatamente como deixamos: camas desarrumadas e poeira pelo chão. Tomamos um belo banho (pelo menos o chuveiro era decente), fomos até a pracinha pra tentar nos informar se havia alguma estrada para irmos ao norte sem precisar voltar por Arequipa, mas todos disseram que não. Na verdade, os guias mostram uma estrada de terra, mas nos disseram que está em péssimas condições e nos desaconselharam pegá-la. E pensando que demoramos 5 horas para andar 200 km na estrada “boa” , resolvemos voltar mesmo para Arequipa.
Resolvemos então, comer uma pizza no Hostal Pachamama, que por sinal estava ótima. E o hostel também parecia bem mais limpo que nosso muquifo. Chegamos ao nosso hotel e os “funcionários” estavam no bar, comendo e tomando cerveja!!! Combinamos com o rapaz de tomarmos o café da manhã ás 6 horas e fomos dormir. Pelo menos, ele não nos cobrou a noite que não dormimos lá. Ele até que era bem simpático, mas não tem o menor preparo para “gerir” a pousada. É melhor fechar na baixa temporada do que atender assim. Mais um exercício de tolerância e compaixão. Aun, aun, aun ….

21/03/2014

Acordamos 5:45 e, claro que não havia ninguém acordado e muito menos café da manhã. Pegamos a Cherry e voltamos para a estrada. Paramos no mirador Cruz de Condor, uns dos pontos mais profundos do canion, para tentarmos ver os dito cujos. Mal estacionamos, desci e veio não um, mas uma revoada deles. Claro que fizemos fotos e mais fotos. Ficamos quase uma hora os observando. Teve um belo macho que pousou, junto com duas fêmeas (o macho é preto e branco e maior; a fêmea é cinza e menor) e ficaram “namorando” um bom tempo. Como ele não se decidiu, elas acabaram voando e indo embora.

Tomamos nosso café da manhã em Chivay e seguimos para Arequipa.