Cañon del Cobre e Creel – México

10/06/15

acordamos à 4 hs, pois o trem sai às 6 hs, pegamos um táxi e fomos para a estação do Chepe, que faz o trajeto de Los Mochis a Chihuahua, é o único trem de passageiros do México, atravessando uma extensa zona natural do norte do país, com 86 túneis e 37 pontes, unindo povoados sem acesso a estradas. Tem um ou dois vagões de primeira classe, que sai todos os dias e vagões de passageiros, em dias determinados. O trajeto completo demora 16 horas, mas, comprando-se primeira classe, pode-se descer em até 3 das estações mais pitorescas e subir no dia seguinte. Optamos por ir só até Creel, um pouco mais da metade, pelo tempo e também, este é o trecho mais bonito. O destaque é o Cañon del Cobre composto por 6 canions diferentes, cavados por rios nas pedras vulcânicas da Sierra Madre Ocidental. Bem maior que o Grand Canyon do Arizona, mas bem menos conhecido e explorado, tem inúmeras cachoeiras e lagos e formações rochosas espetaculares, algumas só alcançaveis por dias de caminhada, que pode ser arranjada com guias locais. A ferrovia Chihuahua al Pacifico (Chepe) levou quase um ano para ser construída e, antes do Canal do Panamá, era a rota mais rápida unindo o Atlântico ao Pacífico, com 670 km, saindo do nível do mar e chegando a quase 2500m. Nosso trem só tem 01 vagão de primeira classe, o vagão restaurante e outros vagões vazios. Saímos no horário, com o dia amanhecendo e logo fomos ao restaurante, tomar um café da manhã. Tomei um chá com torradas, pois o vírus me pegou mesmo. A paisagem mais legal é entre El Fuerte e Creel. O trem faz uma parada rápida em algumas estações, só para descer e subir passageiros e em menos de 5 minutos, já está rodando novamente. O único lugar onde ele para por 15 minutos e pode-se descer é em Divisadero, mais ou menos na metade do caminho e de onde se tem uma visão espetacular do canion. Passei boa parte do tempo cochilando, com uma febrezinha chata, e sobrou pro Fê fazer todas as fotos. Tem um funcionário do trem que sempre avisa das atrações um pouco antes, para podermos nos posicionar na área entre os vagões, sem janelas e dá melhores fotos. A paisagem passa dos campos de milho e pequenas fazendas, para montanhas majestosas, vales, rios e uma mata de pinheiros. O tempo passa sem que se perceba e, sempre que o trem para, crianças e mulheres se aproximam para vender seus artesanatos. São índios Tarahumara, que vivem nessas montanhas há séculos, quase da mesma maneira. Com suas roupas coloridas e sandálias de sola de pneu e couro, parecem saídos de um outro tempo. Nossa primeira parada é em Posada Barrancas, pouco antes de Divisadero, no hotel Mirador, espetacularmente construído à beira do canion. A “estação” é uma cobertura, onde nos esperava um funcionário do hotel, que está a menos de 5 minutos de carro. A vista das dependencias do hotel e dos quartos (todos) é maravilhosa. Quilômetros de canion se estendendo para baixo e para os lados! Apesar do hotel não ser barato, vale a pena pela vista e também todas as refeicões estão incluídas, uma vez que não há nada por perto. Tinha uma caminhada logo em seguida, mas preferi descansar para fazer os passeios de amanhã e Fê foi solidário, hehehe. O pessoal do hotel conseguiu comprar uns Gatorades em Divisadero e foi meu almoço e jantar. Dormir que amanhã é outro dia!

11/06/15

acordei com o sol nascendo, tirei umas fotos e voltei pra cama. Levantamos às 8hs para o café da manhã (nada de ovos, feijão, chili, para mim, por favor) e às 9 hs fomos, junto com outros hóspedes, fazer o passeio dos miradores. São vários mirantes de onde se tem a vista do Cañon del Cobre, Urique e … Em alguns pode-se ir caminhando e outros, vai-se com a van. Neste passeio conhecemos a Suzana e o Jorge, mexicanos e que nos deram boas dicas, tendo feito, inclusive, um roteiro para nossos próximos dias. Ainda estou um pouco indisposta, assim acabei indo com a van alguns trechos, enquanto o pessoal seguia à pé. Também pegamos o teleférico, que desce até o meio do canion, com mais vistas espetaculares. Tem também descida por tiroleza, com vários trajetos: uma com 7 paradas e outra com 2,5 km de extensão e queda de 700 m. Vimos uns poucos corajosos se arriscando e a volta é pelo teleférico. Uma das paradas é em Divisadero, onde tem um mercado de comidas e artesanato, o que sempre dá boas fotos. E comprar mais Gatorade. Pode-se ver em vários pontos do canion, algumas casas e sítios, acessíveis apenas à pé ou à cavalo, onde vivem os tarahumaras, como seus antepassados, cultivando a terra. O canion pode ser explorado à pé, em vários dias e é obrigatório a contratação de um guia local, pois não existem trilhas demarcadas. Deve ser bem interessante, chegar lá no fundo e percorrer os vales. Conhecemos 3 casais de suiços (uma das senhoras é mexicana), amigos que estão viajando juntos e um deles, Peter, conhece e gosta do Brasil, falando mesmo português. São bem animados e gente boa. De volta ao hotel, almoço e descansar pelo hotel mesmo, apreciando as barrancas.

12/06/15

após o café da manhã, fomos dar uma caminhada, seguindo o penhasco à esquerda do hotel. Pode-se ir caminhando até o povoado, mas o calor já estava forte e assim ficamos só pelas barrancas mesmo, com uma vista bonita do colorido do hotel. Almoço e pegar o trem em direcão a Creel. Passamos, novamente, por Divisadero e descemos pra ver o mercado, com suas comidas e artesanias. Um pouco mais à frente, a paisagem fica monótona e logo depois chegamos em Creel, onde nos aguardava o transporte para o hotel e conosco, a Lorena e o Pepe, mexicanos da cidade do México. A Lorena logo percebeu que havia esquecido a carteira com documentos, cartões e dinheiro, no trem e só a muito custo, conseguiram se comunicar com o trem e pedir para guardarem pois seguem amanhã para Chihuahua. Fomos dar uma volta no vilarejo, que tem uma praça, com a igreja e uma rua com restaurantes e lojas.

13/06/15

Com nosso guia e motorista, Jesús, Lorena e Pepe, fomos conhecer parte da região. Nossa primeira parada foi numas cavernas onde viviam os Tarahumaras, ainda com resquícios de sua utilizacão e hoje usada pelas mulheres para vender artesanato. Nas redondezas várias casinhas onde ainda vivem, cultivando o solo não tão bom e criando gado. Próxima parada, Vale de los Hongos e las Ranas, com formações rochosas que lembram cogumelos e rãs e logo abaixo está o “pueblito” de San Ignácio, com sua igrejinha de pedra. Pela estrada mais rochas, agora com a forma de elefante. Seguimos até o lago Arareco, com suas águas cristalinas e um pouco baixo pela seca. Finalmente, as cascatas de Cusarare, um conjunto de cachoeiras de uns 60 m de altura, também com pouca água nesta época, com um mirador no alto; e, claro que descemos até lá embaixo. Água bem fria, mas que no calor deve ser bom pra nadar. Na volta, paramos na cidade para comer e conhecemos o David, o dono do restaurante, com boa comida, que fala português pois teve um “filho” de intercâmbio do Brasil e a esposa e o filho estavam indo pro Brasil. Êta mundo pequeno!!! Nos despedimos da Lorena e Pepe, que seguiram para Chihuahua, demos uma volta pelo centrinho de Creel, com suas duas igrejas e voltamos pro hotel, onde estava havendo um casamento.

14/06/15

de volta ao Chepe, numa viagem de 9 horas de retorno para Los Mochis, apreciando a paisagem agora de outro ângulo. Este trem tem mais vagões, inclusive de classe econômica, que não pode usar o vagão retsurante (???) e faz mais paradas, mas apenas em Divisadero as pessoas podem descer para comer. Descemos mais uma vez aí, e tinha uma criança de uns 5 anos, carregando um bebê de uns 10 meses às costas, vendendo artesanato e sem sinal de mãe por perto. E cobrando 10 pesos por foto, hehehe. Eles têm as roupas bem coloridas, mas não sorriem com muita frequência. Mas o Fê descobriu que falando fino e desconexo, conseguia fazer as crianças sorrirem. E assim conseguimos alguns sorrisos!!! Chegamos a Los Mochis de noite, pegamos um táxi, que nos cobrou o dobro do outro e fomos pro hotel, onde estava a Cherry. Faz parte da cultura mexicana, na verdade, acho que da América Latina, estas pequenas espertezas, que a mim, particularmente, estressam um pouco. Estão sempre procurando tirar vantagem em cima dos turistas, seja nos táxis, ao vender algo, no câmbio do dólar, nos postos de gasolina, propinas para tudo. E, às vezes, não há o que ser feito. Mas, por outro lado, encontramos pessoas muito legais, que nos dão boas dicas e nos ajudam. É o caso da Grace, recepcionista do hotel, que nos atendeu novamente super bem. E a Cherry, apesar de empoeirada, pegou de primeira! Agora é dormir que amanhã voltamos pra estrada.

Vejam as fotos: