Ketchikan, Alasca, EUA

10/09/2014

Pegamos a balsa novamente, ás 5 horas da manhã, neste que será o trecho mais longo, de 20 horas. Pegamos uma cabine, pra tentarmos dormir um pouco. Não, este não é um navio de cruzeiro de luxo. A cabine tem um beliche, um pequeno banheiro e uma pia. Depois de vários dias de chuva, o sol estava nascendo e não consegui ficar na cabine. Peguei minha máquina fotográfica e casaco, e fui pro deck, apreciar o nascer do sol e a paisagem da Inside Passage. A vista não se cansa com tanta montanha, picos nevados, mar, aves. Andando pelos vários decks, cheguei ao solarium e haviam várias pessoas dormindo em seus sacos de dormir e, mesmo, algumas barracas, fixas no chão com silver tape. O barco tem cafeteria, restaurante, bar, cinema, biblioteca, área pra criança. Sentei-me no deck de observação, com um livro e fiquei por lá até que bateu a fome. Fernando ficou arrumando as fotos. Fomos ao restaurante, almoçar, buffet. Comida razoável, a bom preço. Daí a pouco, a balsa parou em Sitka e aproveitamos pra conhecer um pouco desta cidade, também de herança russa. Originalmente ocupada pelos Tlingits, em 1799, Alexander Baranof construiu um posto comercial e um forte por lá, mas os índios botaram fogo em 1802. Mas, o Baranof não desistiu e em 1804 voltou, e Sitka foi a capital do Alasca Russo até 1818. Caminhamos até a St Michael’s Cathedral, uma igreja ortodoxa russa, que estava fechada, passamos pela Casa dos Pioneiros, que hoje serve de abrigo a idosos e tem na frente a estátua em bronze de um mineiro, The Prospector, e cujo modelo foi real, William “Skagway Bill” Fonda, em 1949. Logo em frente está a Totem Square, com dois totens enormes, que retratam a herança russa da cidade. Os totens, geralmente, contam histórias, diferente do que achavam os primeiros missionarios cristão, que queimaram vários deles achando que eram objetos de adoração dos povos nativos. Subimos também o topo do morro, onde existia o castelo do Baranof e onde, em 1867, se concretizou a venda pela Rússia e compra do Alasca pelos EUA. Hoje é uma área ajardinada, com dois canhões e com vista do porto e da cidade. Por último, demos uma volta pelo Sitka National Historical Park, em meio á floresta úmida, com alguns totens originais de 1901. De volta ao navio, seguindo pela Inside Passage, ainda vimos alguns golfinhos e duas orcas. Mas, não deu pra fotografar, pois o barco não pára. Para fechar o dia, um lindo pôr-do-sol.

11/09/2014

Olhei pela janela e vi o dia nublado, então nada de nascer do sol. Ficamos na cama um pouco mais, demos umas voltas pelo navio, apreciando a paisagem e, quando vimos, já era hora de desembarcar em Ketchikan, que é também porto para vários navios de cruzeiro. Deixamos nossas coisas no hotel, o Gilmore, num prédio histórico e mantido pela mesma família há 3 gerações e fomos passear pela cidade. Como sempre, tem toda estrutura para turista, principalmente os milhares que chegam de navio de cruzeiro todos os dias no verão. Acho que nunca vi uma concentração de joalherias tão grande, num mesmo lugar. Também aqui, vários totens espalhados pela cidade e em 2 parques: o Bight e o Saxman. Fomos conhecer a Creek Street, com casas cosntruídas sobre pilares, devido á grande variação das marés, famosa rua das meninas de vida fácil da era da corrida do ouro e que foi preservada, tendo ainda algumas casas originais, sendo a mais famosa a da Dolly. As meninas eram autônomas e na maioria das vezes, trabalhavam sozinhas, em suas próprias casas, que compravam com o seu “trabalho”. Cada “programa” custava US$4 e não faltavam fregueses. Uma casa ali, custava algo como US$800. Tinha até uma trilha secreta, que entrava pelos fundos da Creek Street, a Married Man’s Trail (trilha dos homens casados). No rio abaixo, centenas se salmões mortos, com o cheiro característico. Como já cumpriram seu ciclo, eles morrem no seu lugar de nascimento e não há nada a ser feito, a não ser esperar que a maré ou a chuva, os leve embora. Fomos ao Saxman Totem Park, mantido pelos nativos que são 66% da população local. No local, há uma longhouse, casa usada para os cerimoniais ou onde vivia o chefe com sua família, vários totens novos e antigos, uma casa onde se observam os totens sendo esculpidos e uma casa de danças nativas e, claro, uma loja de souvenirs. Seguimos a estrada um pouco mais e, claro, entramos por uma estrada de terra que nos levou ao alto da Brown Mountain, com uma vista legal do vale abaixo e uma área onde o pessoal pratica tiro ao alvo. Até bala de fuzil tinha … Na volta, paramos na beira da estrada , em frente a uma ilhota de pedra e vimos várias lontras brincando e pescando. Uma moradora do local nos disse que estiveram sumidas por anos e que ela não as tinha visto. Na volta, na estrada, vimos um totem na entrada de uma casa e depois, viemos a saber que o marido mandou esculpir para a esposa, como uma declaração de amor!

12/09/2014

Hoje fomos passear no Duck Bus, um ônibus anfíbio. Passamos pelos principais pontos turísticos da cidade e depois, um passeio pelo braço de mar, até onde atracam os navios de cruzeiro. Sempre tive curiosidade de andar num desses, que agora satisfiz. Bem passeio pra turista. Mas passamos por alguns lugares que ainda não tínhamos visto. Pegamos novamente a Cherry e fomos ao Bight Totem Park, que tem alguns totens bem antigos e também uma longhouse, só que á margem do braço de mar de Ketchikan, com um visual bem bonito e relaxante. Passeamos por lá, tomamos um sol. Com o aumento dos assentamentos de brancos no sudoeste no Alasca no início de 1900, os nativos começaram a migrar para estas áreas e abandonaram suas vilas e totens. Em 1938, o US Forest Service, começou um trabalho de resgate e recuperação destes totens, usando fundos do CCC (Civilian Conservation Corps), e contratando os velhos escultores nativos. Com isso, conseguiram resgatar antigos totens que teriam desaparecido e mais, despertar o interesse de jovens artesãos em aprender a arte de esculpir totens. Ferramentas e materiais usados para recuperar e fazer novos, seguem os modelos antigos, bem como a disposição dos totens e da longhouse. A madeira usada mais comumente é o cedro, que é “mole”, durável e mais fácil de trabalhar.