02/07/2014
De volta á estrada, passando por áreas rurais. Estamos descobrindo que os Estados Unidos não são só o país das compras, dos espetáculos, da tecnologia; estamos vendo o lado das (enormes) fazendas de gado, dos campos cultivados, dos campos de petróleo, da natureza exuberante e diversa. Chegamos á Santa Fé ainda no meio do dia e aproveitamos para ver um pouco da cidade, no seu centro histórico. Com suas construções típicas de adobe, lojas multicoloridas, que misturam o exuberante estilo cowboy com artesanato indígena, inúmeros museus e galerias é um charme só! A influência espanhola é bastante visível, bem como a presença de diversas nações indígenas. Aqui também chegaram os jesuítas e a catedral da cidade é a igreja de São Francisco, a quinta a ser construída no local, por pedreiros italianos e artesãos espanhóis. Ao fundo, numa capela, tem ainda o altar original da primeira igreja. Bem como um relicário, com relíquias de vários santos e da cruz de Cristo. Li uma vez que se juntassem todas as relíquias da cruz espalhadas pelas diversas igrejas do mundo, ela teria alguns quilômetros, hehehe.
03/07/2014
Acordamos cedo para irmos ao Kasha Katuwe Tent Rock National Park, um local próximo ao povoado indígena de Cochiti, com formações rochosas singulares: lembram as tendas apaches. Formado há milhões de anos por erupção vulcânica e pela ação das chuvas e do vento. Pode-se mesmo encontrar alguns pedaços de obsidiana, que é uma espécie de vidro formado pelo sobreaquecimento da rocha durante a erupção e que era usada na era pré-colombiana para se fazer as pontas de flechas e lanças. Fizemos 2 trilhas: uma que passa pelos canions formados pela erosão, onde se pode ver as diferentes camadas da rocha e que nos levou até o alto do parque. Boa parte do caminho é sombreado, o que torna o passeio ainda mais agradável, apesar de alguns trechos com subida. Algumas rochas parecem estar a ponto de despencar; mas estão assim há milhares de anos, hehehe. Apesar de termos chegado cedo e nem estar tão calor, não vimos animais, exceto lagartos e besouros. Acho que porque tem mesmo um clima de deserto. Tudo muito bem sinalizado e bem cuidado. Quando estávamos voltando, já haviam várias outras pessoas e famílias. O que também chama a atenção é o número de idosos nas trilhas. Alguns trechos, inclusive são preparados para cadeirantes. Isto é qualidade de vida! A segunda trilha, na parte baixa, passa por uma caverna e várias “tendas”, e vegetação como do nosso semi-árido do nordeste, árvores de pequeno porte, principalmente o Juniper, e vegetação rasteira. Seguimos pela estrada do parque, passando pelo Veterans Overlook, um mirante com uma vista linda de todo o vale do rio Pecos, com as montanhas Guadalupe ao fundo. Como ainda tínhamos bastante tempo, resolvemos ir a outro parque, algumas milhas á frente. O GPS dava duas alternativas e resolvemos seguir pela mais curta, o que nos levou a uma estrada pelo alto da montanha, não pavimentada, mas com um visual maravilhoso e exclusivo, já que éramos os únicos trafegando por lá. Apesar de ser uma estrada de terra, estava em boas condições e bem sinalizada. Depois de umas 2 horas, chegamos ao Bandelier National Monument, um parque e sítio arqueológico, que mostra a existência de atividade humana na área de pelo menos 10.000 anos atrás, de uma tribo nômade, o Ancestral Pueblo, chamado pelos navajos de “inimigos antigos”, que ocupou o canion do ribeirão Frijoles, e cujos descendentes estão no povoado de Cochiti, ao sul do rio Grande. O canion e plateau foram formados por duas violentas erupções do vulcão Jemez há mais de um milhão de anos, que depositaram uma camada de cinzas de 300 metros de espessura; cada erupção dessa foi 600 vezes mais violenta que a do monte Sta Helena, em 1980. O complexo consiste de uma praça com 3 áreas cerimoniais e várias casas de um e dois andares, com entrada pelo teto, que constituia o povoado de Tyuonyi, com aproximadamente 100 pessoas. Além dessas casas, também escavavam a rocha de arenito do canion (imagine o trabalho que dava com as ferramentas de pedra que tinham), com cômodos de pedra na frente, com as paredes da caverna revestidas de estuque e pintadas e o teto escurecido com fumaça, negro, para ser mais resistente. Era comum as famílias viverem juntas e o número de “janelas” na rocha dá uma idéia dos andares da casa. Também pode-se observar vários desenhos de animais e outros nas paredes. A produção de armas e ferramentas de obsidiana parece ter sido uma atividade importante do povoado e fonte de comércio com outras regiões, tendo sido encontradas até no norte do México. Para se chegar a algumas dessas casas, têm-se que subir escadas de madeira, tipo aquelas de pedreiro. Seguindo um pouco mais á frente, e subindo por várias escadas chega-se a uma caverna que se acredita ter sido um ambiente cerimonial. O que os fez abandonar o local, não se sabe. Apesar dos Pueblos não viverem aqui há mais de 450 anos, seus descendentes vivem em povoados próximos e acreditam que o espírito de seus ancestrais ainda habitam este lugar. Em 1916, o lugar foi transformado no Bandelier National Monument e ainda hoje, há pesquisa e descobertas sobre os povos que aqui viveram. Depois de tanta andança, só nos restava voltar pra casa, até porque estava ameaçando uma tempestade. Dessa vez, fomos pela estrada pavimentada, mais longa, mas mais rápida….
04/07/2014
Dia da Independência dos Estados Unidos da América. Fomos ao centro da cidade e a praça estava tomada por barracas de comida e artesanato. Também um palco, com várias bandas se revezando. Havia uma tocando clássicos da country music e vários casais de velhinhos dançando. E bandeiras, roupas e chapéus com as cores da bandeira por todo lado. Caminhamos pela Canyon Road, uma rua repleta de lojas e galerias de arte, de todos os tipos. Gostei muito de umas esculturas que giram com o vento, como cataventos. Outras, de gosto meio duvidoso…. Tentamos ir ao Farmer’s Market, mas estava fechado. Fica ao lado da antiga estação do trem, que também foi transformada numa área de lazer. Paramos para comer num bar com telões, para ver o jogo do Brasil x Colombia. Pelo menos este, ganhamos. Ufa!!! De volta ao hotel, atualizar o texto e preparar para a estrada amanhã.



























































































































































