Vale Sagrado e MachuPichu – Peru

19/10/15

Hoje é um trecho mais curto, 160 km, até Urubamba, mas não menos sinuoso. Já passamos por estradas sinuosas, mas estas do centro do Peru, são imbatíveis. Fotografamos o GPS, para se ter uma idéia. Saindo de Abancay, subimos em zigzag por mais de uma hora, vendo a cidade ao fundo, ou seja, o rendimento real é pequeno, anda-se muito apenas para subir ou contornar as montanhas. Estávamos passando pelo vale, quando vi um trailer e achei que a placa era do Brasil. Demos a volta e paramos ao lado: placa de Manaus. Ouvi vozes perto do rio e não deu outra: mais um casal de brasileiros sassaricando pelas Américas: Keila e Calefi, viajando desde Manaus há 4 meses. Ficamos conversando um bom tempo, trocando histórias e ainda ganhamos chocolate do Brasil! Sempre muito bom encontrar pessoas na estrada. Esperamos reencontrá-los pelas estradas! Como já conhecemos Cusco, decidimos ficar em Urubamba (em quíchua: planície de aranhas), para fazer o Vale Sagrado e Machu Pichu. E logo na estrada, já vimos umas caranguejeiras enormes. Como ainda era cedo, seguimos até as Salinas de Maras, minas de sal nas encostas do morro Tahuantinsuyo. Formada por terraços por onde flui um rio de águas salgadas, com 5 mil poças de 5 m2, onde a água é filtrada e evaporada pelo sol intenso, restando o sal, que é “colhido” quando chega a uns 10 cm, eg, em um mês. É explorada pela comunidade local, de maneira artesanal. Paga-se 10 soles (US$3) pela entrada e 1 sole, pelo uso do banheiro, hehehe. O contraste das poças é muito bonito e dá boas fotos. Saindo daí, seguimos até nosso hotel, IntiÑan, um oásis, muito bonito e bem cuidado, projetado pelo Sr Vicente, o proprietário, e um pouco afastado da cidade.

20/10/15

fomos até Ollantaytambo e nossa intenção era comprar o bilhete de trem para Machu Pichu, para amanhã. Mas, a garota nos avisou que haverá uma paralisação dos meios de transporte amanhã e depois, com bloqueio das estradas. Então, resolvemos ir hoje mesmo. Compramos os bilhetes, caríssimos, US$120/pessoa! Enquanto esperávamos o horário do trem, demos uma volta pelo povoado de Ollantaytambo e encontramos o S Júlio Farfan, um artesão de madeira que expõe seus trabalhos e que nos deu uma aula de história Inca, como a do general Ollantay, que construiu a cidadela para o Inca Pachacutec. Mas, teve a ousadia de se apaixonar por uma das filhas do Inca e pedir a sua mão. A despeito de tudo que tinha realizado Pachacutec lhe disse que havia erguido os olhos muito alto e o mandou para a prisão e à princesa para um “abrigo” de Virgens. Quando morreu Pachacutec, assumiu seu irmão, Tupac Yupanqui, que não só liberou o casal apaixonado, como nomeou Ollantay governador da região. Um final feliz! Não tivemos tempo de visitar o sítio arqueoógico de Ollantaytambo, que vale muito a pena (já visitamos anteriormente). O trem turístico é confortável, demora uma hora e meia, seguindo pelo vale do rio Vilcanota-Urubamba. Chega-se ao povoado de Machu Pichu (antiga Águas Calientes), onde pega-se um ônibus, mais 80 soles/pessoa (US$24). Ah, importante, comprar o bilhete de entrada a Machu Pichu, na Casa de Cultura, aqui, mais 128 soles/pessoa (US$40). Aliás, o motivo da greve é justamente, o fato do trem, ônibus terem sido terceirizados e os preços abusivos, cobrados. Já estivemos, anteriormente, em Machu Pichu e não era tão caro. Meia hora de busanca e chegamos às ruínas de Machu Pichu. O mais comum é comprar um pacote turístico que inclua tudo. Encravado na vertente oriental dos Andes peruanos, está a meio caminho entre a selva amazônica e os Andes, entre as montanhas de Machu Pichu e Huayna Pichu, a 2490 msnm. Evidencias arqueológicas mostram que já se praticava a agricultura aqui desde os anos 700 AC, nos terraços típicos desta região e com um sistema de irrigação usado até hoje. Acredita-se ter sido um lugar de descanso para o Inca Pachacutec (1438-70), mas também um centro cerimonial, como atestam os vários edifícios, sendo considerada uma obra prima de arquitetura e engenharia. Não era uma cidade secreta, muito pelo contrário, oito caminhos diferentes chegavam aí, sendo parte integral do Caminho Inca, que ligava as principais cidades do império. O que a diferenciava, era a qualidade de suas construções. Com a morte de Pachacutec, a cidade entrou em declínio, ao ter que competir com as cidades dos novos soberanos Incas e, com a chegada dos espanhóis, isto se acentuou, pois muitos dos colonos que viviam no vale, eram forçados a isto e com o enfraquecimento do império Inca, aproveitaram para retornar a suas cidades de origem. A cidade ficou esquecida até que em 1911, Hiram Bingham, um professsor de história americano, ajudado por locais, a “redescobriu”, mostrando sua importância em várias publicações. Hoje, é o sítio mais visitado do Peru. O que implica ter sempre multidões por lá. Mas, sempre se pode achar lugares mais tranquilos. Passamos a tarde caminhando por lá, mas não subimos até a Porta do Sol, por onde chegam os que fazem a Trilha Inca, uma caminhada de 3 noites e 4 dias e tampouco subimos a Huayna Pichu (subi há 30 anos atrás, hehehe), onde está o templo da Lua. Não tem como não se impressionar com este lugar, com suas construções de pedra perfeitamente talhadas e encaixadas, seus terraços agrícolas e aquedutos ainda operantes, seu relógio de sol e estudos astronômicos. Sem contar a aura de misticismo e mistério que envolve tudo. Pegamos o trem de volta às 6:20 h e chegamos de noite ao nosso hotel.

21/10/15

paralisação confirmada, então não dá pra irmos pra lugar algum! Nossa programação era irmos hoje e amanhã, a Moray, onde estão os terraços circulares, Pisac e o Vale Sagrado Sul. Então, estamos aqui no hotel, curtindo a tranquilidade e ajeitando fotos. Fomos caminhando até a cidade e a estrada e saídas estão todas bloqueadas, com pedras, paus e pessoas. Nenhum veículo passa. As crianças aproveitam para jogar bola, andar de bicicleta. A rodovia se transformou num grande playground. Demos uma volta na cidade, mas todos os estabelecimentos estão fechados. Pedimos a cozinha do hotel emprestada e fizemos um espaguetti.

22/10/15

o bloqueio persiste. Restou-nos ficar pelo hotel, descansando e demos um passeio pela cidade, mas praticamente todo o comércio estava fechado, por medo dos manifestantes. Hoje conhecemos a Heloisa e o Luciano, cariocas que estão passeando por aqui e ficamos batendo papo. Combinamos de jantar amanhã, se a greve parar.

23/10/15

liberaram as estradas, mas que está cheia de pedras dos bloqueios. Hoje fomos conhecer Moray, onde estão os terraços circulares, que, acredita-se eram usados para para experimentos agrícolas. Impressiona a simetria dos terraços. Daí, seguimos a Chinchero, com umas ruínas e destaque para a igreja colonial, considerada a “capela Sistina dos Andes”, por seus afrescos detalhados e coloridos, principalmente no teto. Seguindo pelas estradas cheias de pedra, fomos até Pisac, onde estão mais ruínas, morro acima, passando por um túnel natural entre as rochas. Aqui vimos várias pessoas com roupas típicas, muitos jovens e perguntei se teria alguma cerimônia. E um guia me explicou que são nativos, de povoados ao redor e que o governo lhes fornece transporte para que venham conhecer os sítios e a história de seus antepassados. Achei bem legal! E também, com seu famoso mercado de artesanato, bem organizado e muito colorido. Voltamos a Urubamba e à noite, fomos jantar no Qanela com nossos amigos cariocas. Finalmente, o Fê encontrou um parceiro pra cerveja e pode beber à vontade! Sim, porque o Sr. Vicente, do IntiÑan, muito gentilmente, nos trouxe e veio buscar. Serviço de primeira!

Vejam as fotos: