El Chaltén – Argentina

27/11/15

seguindo pela Ruta 40, agora por uma planície imensa e deserta, com raros povoados, chegamos finalmente a El Chaltén, o município mais jovem da Argentina, fundado em 1985, devido ao grande acesso de turistas ao Parque Nacional Los Glaciares e sua “estrela” maior, o monte Fitz Roy ou El Chaltén, como o chamavam os nativos. Apesar de sua altitude relativamente modesta de 3.375 metros, o Fitzroy é considerado por muitos alpinistas profissionais como o maior de todos os desafios do seu esporte, porque suas paredes verticais requerem técnica impecável para serem conquistadas. Além disso, o clima da região é excepcionalmente ruim e traiçoeiro, fato que já custou a muitos suas vidas. Além de alpinistas, fotógrafos e outros são atraídos às imediações do Fitz Roy pela sua aparência fantástica. A cidade tem hoje uns 1200 habitantes, que vivem em função do turismo e fervilha com mochileiros e montanhistas de todo o mundo. A maioria das trilhas podem ser feitas sem guía e, o melhor, é de graça. Tem para todos os níveis, desde muito fáceis, de vários dias, até, sonho de muitos, mas realizado por poucos, o cume do Fitz Roy e do cerro Torre. Há um Centro de Visitantes logo à entrada do povoado, onde se pode conseguir mapas e informações. Aproveitamos para fazer a trilha até o Mirador de Los Condores, com vista de toda a cidade e, mais acima, ao Mirador de Las Águilas, com vista do Fitz Roy, parcialmente coberto de nuvens e também do lago Viedma.

28/11/15

vamos fazer a trilha a Laguna Los Tres, de 12 km e que, para não profissionais, chega o mais perto possível do Fitz Roy. São 12 km de ida, por um caminho bem demarcado, e, o que é melhor, dia claro, com poucas nuvens e, quem sabe, conseguiremos ver o Fitz Roy inteiro. O primeiro trecho é de subida, meio puxado e chegamos a um mirador, de onde se avista o Fitz Roy e Cerro Torre, já quase sem nuvens. Seguimos em frente e, paramos mais à frente, o Fê se inclinou para pegar algo na mochila e travou!!! Uma dor aguda que o impossibilitou de seguir. Esperamos melhorar um pouco e, com a ajuda dos bastões de caminhada, conseguiu se levantar para voltar devagar. Como não havia muito o que eu pudesse fazer e ele estava melhor e conseguindo caminhar, medispensou e eu segui em frente. Ainda bem que ele não veio, pois o último km era só subida e com muitas pedras. Mas, vale muito a pena, pois o visual é incrível! O majestoso Fitz Roy, rodeado por outras montanhas e picos nevados, e tendo a seus pés um lago congelado. Desci até a borda do lago, fiz meu lanche e segui margeando o lago, à esquerda e, após subir mais um morrinho, uma linda lagoa turquesa, com um glaciar ao fundo. Como estava preocupada se o Fê estava bem, nem fiquei muito tempo e fui voltando. Ainda de brinde, num bosque da trilha, uma linda fêmea de picapau, toda preta, cavando um tronco. O macho tem a cabeça vermelha, mas não estava por perto. E mais condores… Quase 24 km e dez horas depois, estava de volta à cabana. Fê estava deitado e mesmo tendo tomado antinflamatórios, estava com dor. Fui à única farmácia local e consegui comprar um medicamento injetável, mais forte e tasquei-lhe uma injeção. Acho que fazia uns 30 anos que eu não aplicava uma injeção em alguém, hehehe. Esperemos que amanhã acorde melhor.

29/11/15

acordamos com o maior vendaval. É o vento patagônico soprando e que pode chegar a mais de 100km por hora. Segundo nossa senhoria, a parte mais importante das casas daqui é o telhado, pra suportar estes ventos. Fê está melhor, mas vai ficar de molho hoje e eu também, cuidando dele. Resolvemos ficar mais um dia, para que se recupere bem.

30/11/15

Fê está melhor mas ainda tem dores, então vai ficar repousando. E eu, vou fazer mais uma trilha, a da laguna Torre, com vista de outra face do Fitz Roy e Cerro Torre. São uns 20 km ida e volta, mas o terreno é menos acidentado e a trilha mais fácil. Mesmo parando para fotos, demorei bem menos, umas 3,5 horas até o pé da lagoa, de onde se avista o cerro Torre mais de perto e o Fitz Roy, atrás. E glaciares ao fundo da lagoa, com alguns icebergs flutuando. E um gavião que fica planando baixo, até enxergar comida, pousa e vai se aproximando dos turistas, pra ver se ganha algum petisco. Hoje também, dia bem claro e pode-se ver os lindos picos graníticos, com toda a clareza. Fiquei ali, observando o gavião, que parecia divertir-se planando sobre os turistas, e as mudanças que a luz provocava ao incidir nas montanhas e nuvens. Muito lindo. Hora de voltar, parando para encher a garrafa com a água limpa que desce dos glaciares. Quem precisa de uísque 18 anos se tem água de milhões de anos??? Pelo caminho encontrei a Andrea, guarda-parque e descemos conversando. Depois de 7 horas, estava de volta e, melhor ainda, o Fê de pé e sentindo-se melhor. Fomos até jantar fora, pra comemorar.

Vejam as fotos: