Ipiales e Popayan – Colombia

24/04/2014

Nos últimos 2 dias, tentamos despachar o carro com dois outros despachantes em Guayaquil, sem sucesso. Eles não conhecem o processo, mas tampouco assumem isso. Teve um que disse que faria, mas o custo seria 3 vezes maior que dos outros, sem garantia de prazo. Assim, desistimos do Equador e resolvemos mandar o carro de Cartagena, na Colombia, de onde a maioria dos overlanders despacha. Finalmente, pegamos a estrada em direção à fronteira. Muitas obras pelo caminho, um pouco de chuva e neblina. Como já estávamos ressabiados com estes imprevistos na estrada, resolvemos seguir até onde desse, sem reservar hotel. Agora queremos chegar em Cartagena o mais rápido possível pois perdemos 2 semanas em Gye. Final de tarde, chegamos a Tulcan, a última cidade de Equador. Achamos um hotel com estacionamento, comemos ali mesmo e, cama.

25/04/2014

acordamos cedo, pois queríamos cruzar logo a fronteira, antes dos milhares de ônibus e consequentes filas. Demos a saída do Equador, rapidinho e cruzamos para a aduana da Colombia. A imigração foi rápida, mas a entrada do carro demorou, pois o funcionário não tinha chegado. Aproveitamos para comprar o SOAT, seguro obrigatório do carro. O mais caro até agora – US$30 ( Peru e Equador – US$5). Logo que o funcionário chegou, fizemos a papelada. Trocamos alguns dólares por pesos colombianos (US$1=COP1.960). Ipiales, a primeira cidade colombiana após a fronteira fica a apenas 3 km. Aí se encontra o Santuario de Nuestra Senhora de las Lajas, no canion do rio Guaitara. Conta a lenda que uma indígena chamada Maria Muese carregando nas costas, sua filha Rosa, que era surda-muda, procurou refúgio em Las Lajas . Enquanto ela descansava, a criança desceu para brincar . Daí a pouco, ela voltou da caverna, gritando: “Mamãe, tem uma mulher com um bebê nos braços aqui dentro!” Maria ficou assustada pois era a primeira vez que sua filha falava! Ela não viu a mulher que a criança descrevia e, assustada, pegou sua filha e correu para Ipiales. Quando ela falou para as pessoas, ninguém acreditou. Mas, afinal, a criança agora conseguia falar. Alguns dias depois, Rosa sumiu de casa. Depois de procurar em todos os lugares, Maria resolveu procurar na caverna, pois Rosa sempre dizia que a senhora a estava chamando. Maria encontou-a ajoelhada em frente a uma mulher maravilhosa, brincando com uma criança que desceu dos braços de Sua Mãe. Maria caiu de joelhos e acreditou ter visto a Virgem e o menino Jesus. Com medo do ridículo, Maria manteve silêncio, mas frequentemente ia com Rosa levar flores e velas na caverna. Um dia, Rosa adoeceu gravemente e morreu. Maria, desesperada, levou sua filha até Las Lajas e pediu a Nossa Senhora que devolvesse a vida á Rosa. Comovida com a tristeza e súplicas de Maria, a Virgem conseguiu de seu Filho a ressureição de Rosa. Transbordando de felicidade, Maria e Rosa voltaram pra casa. Não demorou muito para uma multidão se juntar. Na manhã seguinte, muitos foram a Las Lajas e, foi então, que uma maravilhosa pintura de Nossa Senhora foi descoberta, na pedra do fundo da gruta. Maria Muese não se lembrava de tê-la visto até então. O menino Jesus está nos braços de sua Mãe. De um lado está São Francisco; no outro São Domingos. Suas feições são as de uma mulher latina, com abundante cabelo negro que a cobre como um manto (a coroa de metal foi colocada anos depois por devotos). Seus olhos brilham com uma luz pura e amorosa. Os indios não tiveram dúvida: esta era sua Rainha. Á medida que a devoção cresceu, construiu-se uma boa estrada até lá. – O atual edifício, o quarto, substituiu uma capela do século IX e é uma igreja de pedra cinza e branca de estilo gótico do final do século XVIII, composta por três naves construídas em uma ponte de dois arcos que se cruzam sobre o rio e faz com que o átrio da basílica se una com o outro lado do cânion. A altura do templo, de sua base até a torre é de 100 metros, já a ponte tem 50 metros de altura por 17 metros de largura e 20 metros de comprimento. O edifício principal mede 27,50 m de comprimento por l5 m de largura. No interior, as três naves são cobertas por abóbadas. Tem mosaicos em fibra de vidro feitos pelo italiano Walter Wolf que, durante o dia, filtram a iluminação natural. O fundo das três naves é uma parede de pedra natural da garganta do Canion e na nave central se vê em destaque a imagem da Virgem do Rosário, pintada por um autor desconhecido em uma laje de pedra. A base do templo propriamente dita, além dos dois arcos da ponte, é uma cripta em estilo romântico, de três naves cobertas com abóbadas do canion de estrutura em pedra de cantaria, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Mas, quem pôs esta imagem lá? O artista nunca foi identificado! Os incrédulos dizem que os Dominicanos contrataram um bom pintor e espalharam a história. Mas, testes feitos mostram quão fantástica é esta imagem. Geólogos alemães, tiraram várias amostras e observaram que não há tinta ou qualquer outro pigmento na superfície da rocha. As cores são da própria rocha. Mais incrível, a rocha é perfeitamente colorida a vários centímetros de profundidade. Assim, o mistério persiste. Foram anjos que a fizeram? Ou foi o próprio Deus, Áquela que seria encarregada de cuidar da Colombia? Não importa a crença, mas o santuário é mesmo muito bonito, até pelo local onde está. Deixa-se o carro num estacionamento e após uma boa caminhada, algumas dezenas de degraus, nos deparamos com esta construção fantástica. O visual do canion também é muito bonito. Do outro lado do rio, há uma gruta com estátuas de macacos, que eram adorados por civilizações antigas. Pena que até aqui, vandalos picharam as imagens. Depois de nossa peregrinação, subimos novamente, compramos almojábanas, que lembram pão de queijo, e voltamos para a estrada. As estradas da Colombia são muito boas, exceto em alguns (vários) trechos que estão em obras, o que implica em várias paradas. O que observamos também, foi a presença maciça do exército nas estradas, sempre armados de fuzis, mas sempre muito corteses quando nos abordam ou quando pedimos informações. Depois de muitas horas chegamos a Popayan, já de noitinha, encontramos um hotel no centro histórico. Fernando estava cansado pois dirigiu quase 12 horas, resolveu tomar um banho e dormir; eu, estava meio acelerada, fui andar um pouco na cidade. Popayan é a capital do departamento de Cauca, conhecida como a “Cidade Branca” por seu centro histórico todo pintado de branco e é a segunda cidade colonial da Colombia, atrás de Cartagena. Era parte da rota do ouro usada pelos espanhóis, a meio caminho entre Quito e Cartagena, onde era embarcado para a Espanha. Em 1983, houve um terremoto que danificou boa parte das casas, mas que foram sendo recuperadas ao longo de décadas. É famosa também por sua Semana Santa (chegamos logo depois!!!) e tem várias universidades, e consequentemente, muitos movimentos estudantis.

26/04/2014

Nosso hotel é num casarão restaurado e tínhamos pedido um quarto interno, pois achamos que os da rua seriam mais barulhentos. Ledo engano. Nosso quarto dava para o pátio interno, que funcionava como uma caixa de ressonância. Havia um grupo, que ficou conversando no restaurante até altas horas e logo antes das 6 da manhã já começou o movimento para o café da manhã. Resultado: dormimos pouco e mal. Pedimos para mudar de quarto, e nos deram outro, virado para uma rua lateral. Por incrível que pareça, era mais silencioso que o interno. Passamos o dia batendo pernas pela cidade e suas inúmeras igrejas e prédios históricos. Não conseguimos encontrar um mapa rodoviário da Colombia para comprar. Fui num centro de informação turística, que aqui é tocado pelo exército, e o sargento me disse que se acabaram durante a semana santa. Ele me mostrou um, mas disse que era o único que tinha…. Continuamos sem mapas. Aproveitando para baixar fotos e manter contato com o despachante em Cartagena, para agilizar o despacho da Cherry para o Panamá. Mais umas voltinhas pela cidade. Nestas cidades históricas, o legal é se perder pelas vielas, observando o casario e as pessoas. Dia de manifestaçãoo em defesa dos animais. As manifestações aqui são organizadas e o exército acompanha de perto. Ouvimos no rádio que haveria uma manifestação de trabalhadores do campo e o governo alertava que toda manifestação é legal, desde que pacífica e que não prejudique o funcionamento normal do país. Em caso de violência ou impedimentos de vias, o exército e a polícia tinham autorização para agir e prender os vândalos. Á noitinha, comemos uma massa e preparar para estrada amanhã.